Português
  English
  Español

 

Posto de Abastecimento

Por Bruno Pinheiro Belém
Descarregar Versão PDF

O trabalho que aqui vou publicar, vai de encontro à minha necessidade de ter um “cenário” sempre à mão para pode fotografar material circulante sem fazer grandes desarrumações e andar para trás e para a frente com módulos que por vezes, na parte logística, podem causar grandes dores de cabeça. Por isso, num dia destes quando dava uma vista de olhos nas muitas revistas que tenho de modelismo francesas, reparei que um desses modelistas conceituados neste pequeno mundo dos comboios, tinha tido, ou pelo menos tinha a mesma ideia que eu tinha desde há muito tempo para cá. A ideia de fazer um cenário “móvel” para fotografar as miniaturas, ganhou “asas” e voou do papel para a minha secretária onde realizo os meus trabalhos de modelismo.

Há várias maneiras de conseguir uma base para fazer um cenário… A minha escolha e pelo que me pareceu com um design mais próprio para expor numa vitrina (que é o meu caso) optei por uma moldura do Ikea com comprimento de 25cm por 20 cm de largura. À primeira vista, parece um cenário pequeno, mas aqui, parte do gosto e da escolha de cada um. Neste caso, foi aproveitada uma moldura que em tempos já esteve na parede com uma fotografia, mas acabou por cair e hoje em dia convém aproveitar-se tudo, e por isso não fazer de origem um cenário com mais uns centímetros para aproveitar fotografar composições mais longas.

Usei então a moldura como base para o cenário.

É importante acima de tudo, saber o que queremos fazer e como vamos fazer, convém saber que aquilo que temos em mente, irá “caber” nos parâmetros da moldura, mas este problema resolve-se na hora de comprar a moldura com medidas maiores ou menores.

Depois de ter as ideias assentes, começa o trabalho na base do que irá ser no futuro, o cenário. É importante ter à mão uma cola extra forte. Convém que a base da moldura não se descole da estrutura a médio prazo. Coloca-se a cola em quantidades abundantes ao longo da estrutura da moldura e logo de seguida, coloca-se a base.

Depois de colocada a cola (qb) na estrutura da madeira, convém colocar algo pesado em cima, para que esta, faça o efeito devido e que se una fortemente. Neste exemplo, foi usado um parafuso de via-férrea que tinha à mão e foi por momentos, bastante útil, pois pesa consideravelmente e para a ocasião foi suficiente. Aguarda-se 10 a 15 minutos, e vesse se a cola que usamos está suficiente seca e se a base está realmente colada à moldura.

Depois deste passo importante que é certificar-me que a base ficou realmente bem colada à moldura, passa-se ao passo seguinte.

Passo adiante, é hora de começar a colocar os “objetos” que irão começar a fazer o “bolo” pretendido para que o cenário fique ao gosto do modelista (neste caso, à minha pessoa). Optei por uma linha patinada a simular a ferrugem e por uma estrutura de abastecimento de gasóleo de locomotivas com base na realidade. 

Para colocar as peças (chamemos assim), usei a mesma cola que colei a base na estrutura, É uma cola muito forte e seca rapidamente e é transparente, um factor chave para que não sejam vistos resíduos da cola…

Peças colocadas nos sítios devidos, o passo seguinte será acertar com os pormenores para que o cenário fique com um ar minimamente perto do real. Na foto, mostro a colocação de um sinal em latão, devidamente pintado da marca “Lacalle”, que é uma marca que tem à venda no mercado modelístico sinalização ferroviária Portuguesa em latão, escala HO (1:87). Como estava a dizer, ou melhor, a escrever, o pormenor do sinal ou dos sinais neste cenário ou numa maqueta podem fazer toda a diferença, mas dá o seu trabalho e requer alguma paciência e dedicação por parte de quem está a trabalhar nos ditos.

Colocado o sinal de latão no local devido, o próximo passo é colocar o decalque do mesmo. No caso destes sinais, os decalques vêm incluídos e por isso, basta cortar o decalque pretendido e colocar o mesmo, num recipiente com água morna durante 1 a 2 minutos, e será o suficiente para este, descolar da folha e a partir daqui, estará pronto a ser colocado na base do sinal.

Mas há cuidados que devemos ter em conta e pessoalmente, uso sempre um bocado de papel higiénico para retirar a água que o decalque leva consigo na hora de o colar…
Conclusão:

Primeiro de tudo, tira-se o decalque da folha base  (que se encontra embebida na água do recipiente), e em seguida coloca-se com muito cuidado para este não rasgar, na base do sinal, o passo seguinte será retirar a água com alguma precaução (usando o papel higiénico) do decalque e certificar que este ficou bem “colado”!

Na foto seguinte, observamos mais um pequeno pormenor que quis acrescentar ao cenário. A apelidada de “Cruz de Cristo” por alguns ferroviários. Trata-se de sinalizar que o sinal em questão está “fora de serviço” e não está no plano da marcha do comboio. Na realidade usa-se madeira ou metal para sinalar que o sinal em questão está desactualizado. Em escala HO (1:87), trabalhei com balsa fina e cortei duas tiras com cerca de 1 cm cada e a seguir colei com a mesma cola que usei para colar as peças na base da moldura.

Voltando aos decalques e para não estar a maçar muito com a leitura, convém depois de colocar o dito, colocar uma espécie de protecção no mesmo, assim de evitar que este, mais cedo ou mais tarde se descole. Para isso usei um verniz que sinceramente não é muito próprio para modelismo mas que na altura comprei-o para vernizar uns quadros e mais tarde experimentei a usar em trabalhos de modelismo, e até agora não me tem deixado ficar mal.

Este não foi o primeiro trabalho no que toca a cenários, e por isso mesmo, noutros trabalhos, houve erros que tive sempre em conta, e que registei sempre em apontamentos para mais tarde conseguir ultrapassa-los…

Pois bem, um dos erros mais comuns era eu colocar sinalização, postes de telefone e outros, apenas com um bocadinho de cola na base onde iria assentar o dito sinal ou poste. Não era suficiente e bastava algum toque mais acentuado para que caíssem, e tiver que pensar numa solução para que as peças ficassem fortemente seguras.

Basicamente, faço um ligeiro furo na base da madeira com um berbequim e depois de feito o furo, colocar então cola abundante e fixar a peça no buraco. Depois disto, muito dificilmente volta a sair do sítio.

Maqueta, módulo ou até estes pequenos dioramas, não seriam aparentemente próximos da realidade, senão levassem com o balastro nas vias. Mas a colocação requer trabalho e alguns aconselhamentos a ter em conta, e é isso que eu vou explicar em diante. Até porque o balastro convém ficar devidamente colado para não cai ou colar em peças de material circulante, principalmente em locomotivas, onde os rodados das mesmas, ficam com resíduos do balastro contidos e ganha-se um problema que à partida e com as regras de trabalho na colocação do balastro, tornava-se desnecessário.

Pessoalmente e não querendo dizendo que seja uma birra minha, e voltando à questões dos erros, mais uma vez, apreendi que balastro mais grosso e maior, cria um ambiente irreal face ao nosso objetivo, que é criar um cenário o mais próximo da realidade. Por este motivo comprei balastro cinzento ultra fino, que penso que seja o que fica com um aspeto mais neutro e uniforme face à escala que estamos a usar.

Material necessário:
- Cola Branca de madeira;
- Seringa (à venda em qualquer farmácia e a um preço simbólico);
- Recipiente (Tuperware serve na perfeição);
- Balastro (recomendo vivamente o extra fino);
- Pinceis ou escovas de dentes usadas (para “moldar” o balastro face à via);
- Colher de sopa (para medir a cola a colocar no recipiente);
- Detergente de loiça

1º No momento em que passamos para a colocação do balastro, convém ter em conta e a certificação, que temos tudo ao nosso dispor na nossa bancada de trabalho.

No primeiro passo convém colocar duas colheres de sopa com cola branca de madeira, (mas digo duas, porque é para o trabalho em questão), e duas serviram perfeitamente. Colocando a cola no recipiente, o passo seguinte será colocar água no mesmo recipiente. Neste caso convém encher até meio da taparuere e depois usamos uma técnica que por muitos não faze sentido, mas que para outros como eu, acaba por fazer alguma diferença, que é juntar à cola e água, detergente da loiça. Basta acrescentar duas gotas do produto e mexer calmamente até se notar que a colaficou bem dissolvida na água, e é aqui que o detergente tem a sua função, ajuda a dissolver a cola na água e quando for para colocar a cola no balastro, esta irá sair da seringa sem qualquer tipo de massa pastosa que em nada nos irá ajudar na distribuição da cola pelo balastro.

Balastro colocado e assente sobre o piso e a via devidamente, o passo seguinte, é esperar cerca de 24 horas (isto se for no inverno, há mais humidade no ar e por isso o processo de secagem é também ele, mais demoroso), Se for no verão, uma tarde inteira, é suficiente…
Depois da secagem, optei por colocar os últimos pormenores no cenário, e resolvi acrescentar umas ervas no meio da via e mesmo ao lado.

Poderia colocar tudo ao mesmo tempo (balastro e ervas), mas estas últimas iriam ficar com um ar esbranquiçado depois de receberem a cola branca, e só por isso, é que prefiro colocar as ervas, depois de certificar-me que tenho o balastro seco e rijo. Para fixar as ervas no cenário voltei a usar a mesma cola desde início e garanto que tão cedo não saem do sítio.

Depois de uma semana de trabalhos ao qual junto o prazer por este hobbie , fiquei com um cenário que apelidaria de “cenário-móvel” porque basta agarrar no dito com cuidado e transportar para qualquer sítio para conseguir fotografar o material circulante. E sempre fica exposto como se um bibelô se tratasse e que todos o podem apreciar. Não é muito grande e poucas locomotivas conseguem lá encaixar, mas foi uma moldura que ganhou uma nova vida, e que não acabou no lixo como seria de esperar.



Regressar ao Gabinete de Imprensa